Há alguns meses surgiu uma
proposta da Gi, pra que eu me expusesse um pouco e falasse sobre a dualidade
que é ser “eu”. Topei na hora.
Digo “eu”, porque, de um lado tem
o eu psicóloga, um modelo de assertividade, ponderação, equilíbrio [Tudo o que
as pessoas esperam de um “velho sábio de filme de kung fu”] – e do outro tem o
eu gorda, que enfia o pé na jaca e come um bombom de morango [e um quindim e um
chocolate...e...e..], que se entope de macarronada e usa manequim 50. Ou seja,
paradoxos.
Mais um Momento do evento Forma Fofa Day 5 DIVAS RG
com as participantes, a Gi a Vanessa Sioux e a Miss Plus Size RG Pauline Mespaque
Na hora em que ela propôs, contexto mega propício: forma fofa Day. Várias fofas lindas sendo clicadas. Eu topei porque achei que ia ser tranquilo, afinal, eu me aceitava, certo?
Certo... ?
Na verdade, quando ela fez a
proposta, eu estava no meio do tratamento de uma depressão pós-parto, me
sentindo abaixo do fiofó do cachorro e quis fazer as fotos justamente por isso.
Pra ser muito honesta, toda a
minha vida foi um vai-e-vem sem fim. Meio entre tapas-e-beijos [agora vocês vão
ficar com aquela música horrenda na cabeça! Hahaha].
Eu era uma criança muito
bonitinha... Bem rolicinha e “cheia de saúde”, mas chega o ensino fundamental e
com ele chegam os apelidos: “rolha de poço”, “baleia assassina”... etc. No
ensino médio começam as dietas malucas: 10 dias só bebendo refrigerante light e
clube social integral, uma vez por semana pode almoçar normalmente [Mas hein?]
e toda a auto-estima da pessoa fica associada a um número: 44... 46... 50...56...
Daí que eu ouvia aquela frase [Velha conhecida das gordinhas:] “Tão bonita, por
que não emagrece?”. E eu me sentia meio que a Pequena Sereia [Essa mesmo... A
Ariel, do desenho]: Bastava um par de pernas pra ter o meu príncipe encantado.
Mas e como consegui-las?
Então fazemos que nem a Ariel e
vendemos nossa voz á bruxa: as dietas malucas, as fórmulas mágicas... Laxantes,
boletas, etc...
E o que era uma questão de
autoestima, passa também a ser uma questão de saúde. Eu, por exemplo, fazia
academia todos os dias e corria algumas vezes na semana [sem nenhum preparo pra
isso e me alimentando muito mal]. Resultado? Acabei com meus joelhos.
No fim das contas, não consegui
emagrecer. O mais perto que cheguei de ser magra foi no manequim 46. Atualmente
estou no 50, mas também já usei 56. E em nenhum momento me senti tão “cool”
quanto agora.
Hoje, quase um ano depois da
proposta da Gi, posso dizer que sim, estou confortável com o meu peso, meu
número e meu tamanho.
Estar confortável não significa
que eu me olhe no espelho e me ache linda 100% do tempo. Não, não é isso. Até
porque, tive um filho de cesárea [e posteriormente, por complicações na
cirurgia, reabri essa cesárea] e fiquei um tempo internada, então tenho uma “pelanca”
nada atraente na minha barriga. Mas também nunca estive mais tranquila com ela.
Estou tão confortável no meu próprio corpo que sei o que gosto e o que não
gosto nele e me sinto confiante e á vontade pra falar sobre isso.
Então se me perguntarem a medida
do que é saudável, posso dizer que está bem além da maioria das dietas que a
gente faz pra caber no 38... Mas também não é saudável não se gostar.
E somos também responsáveis por
nós mesmas. E se não nos gostamos, nos restam duas alternativas: mudarmos ou
aceitarmos.
Eu me aceitei. Passei a me ver
com mais carinho, a gostar daquilo que eu tenho de bonito e perdoar as minhas
imperfeições.
E aí, gatinhas, qual vai ser?
Abraços
[Elisane Dalla
Vecchia – CRP 07/19647]
Entendo você. Me aceito totalmente com os meus 140 kg. Isso não quer dizer que sou assim 100% do tempo. Ás vezes me acho uma monstra, mas na maioria do tempo, me acho normal. Não tenho necessidade de se linda e maravilhosa, pois não vim ao mundo com essa missão, mas também não me desvalorizo. Sem neuras.Nem na escola ganhei apelidos. Sou do tipo "bateu, levou". Quem me chamar por nome feio, ganha um pior!!! Ah, em tempo: Você é muito linda. Parabéns pelo blog. Adorei.
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