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A psicóloga que meteu o pé na jaca!


Lisa Vecchia :Evento Forma Fofa Day  5 DIVAS Rio Grande

 Há alguns meses surgiu uma proposta da Gi, pra que eu me expusesse um pouco e falasse sobre a dualidade que é ser “eu”. Topei na hora.
Digo “eu”, porque, de um lado tem o eu psicóloga, um modelo de assertividade, ponderação, equilíbrio [Tudo o que as pessoas esperam de um “velho sábio de filme de kung fu”] – e do outro tem o eu gorda, que enfia o pé na jaca e come um bombom de morango [e um quindim e um chocolate...e...e..], que se entope de macarronada e usa manequim 50. Ou seja, paradoxos.
Mais um Momento do evento Forma Fofa Day 5 DIVAS RG 
com as participantes,  a Gi a Vanessa Sioux e  a Miss Plus Size RG Pauline Mespaque


Na hora em que ela propôs, contexto mega propício: forma fofa Day. Várias fofas lindas sendo clicadas. Eu topei porque achei que ia ser tranquilo, afinal, eu me aceitava, certo?
Certo... ?
Na verdade, quando ela fez a proposta, eu estava no meio do tratamento de uma depressão pós-parto, me sentindo abaixo do fiofó do cachorro e quis fazer as fotos justamente por isso.
Pra ser muito honesta, toda a minha vida foi um vai-e-vem sem fim. Meio entre tapas-e-beijos [agora vocês vão ficar com aquela música horrenda na cabeça! Hahaha].
Eu era uma criança muito bonitinha... Bem rolicinha e “cheia de saúde”, mas chega o ensino fundamental e com ele chegam os apelidos: “rolha de poço”, “baleia assassina”... etc. No ensino médio começam as dietas malucas: 10 dias só bebendo refrigerante light e clube social integral, uma vez por semana pode almoçar normalmente [Mas hein?] e toda a auto-estima da pessoa fica associada a um número: 44... 46... 50...56... Daí que eu ouvia aquela frase [Velha conhecida das gordinhas:] “Tão bonita, por que não emagrece?”. E eu me sentia meio que a Pequena Sereia [Essa mesmo... A Ariel, do desenho]: Bastava um par de pernas pra ter o meu príncipe encantado. Mas e como consegui-las?
Então fazemos que nem a Ariel e vendemos nossa voz á bruxa: as dietas malucas, as fórmulas mágicas... Laxantes, boletas, etc...
E o que era uma questão de autoestima, passa também a ser uma questão de saúde. Eu, por exemplo, fazia academia todos os dias e corria algumas vezes na semana [sem nenhum preparo pra isso e me alimentando muito mal]. Resultado? Acabei com meus joelhos.
No fim das contas, não consegui emagrecer. O mais perto que cheguei de ser magra foi no manequim 46. Atualmente estou no 50, mas também já usei 56. E em nenhum momento me senti tão “cool” quanto agora.
Hoje, quase um ano depois da proposta da Gi, posso dizer que sim, estou confortável com o meu peso, meu número e meu tamanho.
Estar confortável não significa que eu me olhe no espelho e me ache linda 100% do tempo. Não, não é isso. Até porque, tive um filho de cesárea [e posteriormente, por complicações na cirurgia, reabri essa cesárea] e fiquei um tempo internada, então tenho uma “pelanca” nada atraente na minha barriga. Mas também nunca estive mais tranquila com ela. Estou tão confortável no meu próprio corpo que sei o que gosto e o que não gosto nele e me sinto confiante e á vontade pra falar sobre isso.
Então se me perguntarem a medida do que é saudável, posso dizer que está bem além da maioria das dietas que a gente faz pra caber no 38... Mas também não é saudável não se gostar.
O não se gostar gera um ciclo sem-fim de “se não me gosto, então não me cuido e se não me cuido, me “enfeio”... E daí sim, me gosto ainda menos. E como é fácil nos reduzirmos só aquilo que não gostamos, não é verdade? Vestir a carapuça e ser “a gorda”, quando na verdade, somos muito mais do que um adjetivo. Muito mais que um número na balança. Somos mulheres [ou homens], amigas, estudantes, profissionais, mães, namoradas, esposas... Etc.
E somos também responsáveis por nós mesmas. E se não nos gostamos, nos restam duas alternativas: mudarmos ou aceitarmos.
Eu me aceitei. Passei a me ver com mais carinho, a gostar daquilo que eu tenho de bonito e perdoar as minhas imperfeições.
E aí, gatinhas, qual vai ser?

Abraços
Lisa
[Elisane Dalla Vecchia – CRP 07/19647]




Um comentário:

  1. Entendo você. Me aceito totalmente com os meus 140 kg. Isso não quer dizer que sou assim 100% do tempo. Ás vezes me acho uma monstra, mas na maioria do tempo, me acho normal. Não tenho necessidade de se linda e maravilhosa, pois não vim ao mundo com essa missão, mas também não me desvalorizo. Sem neuras.Nem na escola ganhei apelidos. Sou do tipo "bateu, levou". Quem me chamar por nome feio, ganha um pior!!! Ah, em tempo: Você é muito linda. Parabéns pelo blog. Adorei.

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